Representantes de entidades
sociais que desenvolvem o manejo florestal comunitário, participantes do
intercâmbio promovido pela Unidade Regional do Distrito Florestal Sustentável
da BR-163(UR DFS) do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) conhecerem o trabalho desenvolvido
pela Cooperativa Mista da Flona Tapajós Verde (Coomflona). A atividade,
viabilizada pelo Projeto BR-163 – Floresta, Desenvolvimento e Participação, foi
realizada na última sexta-feira, dia 21 de outubro, no km 83 da BR-163, na
Floresta Nacional do Tapajós, em Belterra, Pará.
Para Raimundo Nonato,
representante da Cooperativa Mista Agroextrativista dos Produtores do Igarapé
do Anta, essa foi a primeira vez que conheceu de forma mais detalhada o manejo
comunitário florestal desenvolvido por uma cooperativa. "Sempre trabalhei
com a agricultura familiar e hoje tenho a oportunidade de conhecer como
funciona o trabalho do manejo florestal sustentável. As trocas de conhecimentos
me motivam a buscar novas parcerias e acreditar que vai dar certo como deu com
a Coomflona", destacou Nonato.
Ana Cléia Azevedo participou do
intercâmbio como representante da Associação Virola Jatobá, localizada no
Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) III e IV de Anapú, que faz manejo
florestal, oficina de móveis rústicos, artesanato de biojóias e agricultura
familiar. Segundo a participante, o intercâmbio foi um importante espaço para
que as associações conhecessem a organização. "Aprendemos que o início de
tudo é o estatuto. Ele quem vai nortear as principais atividades. Vamos ter
dificuldades como a Coomflona teve no início, mas pudemos confirmar que existe
uma organização interessante", disse Ana Cléia.
Participaram do intercâmbio 16
assentados do PDS Virola Jatobá, de Anapu, PDS Igarapé do Anta, de Santarém e
extrativistas das comunidades Arimum e Juçara da Reserva Extrativista (Resex)
Verde Para Sempre, de Porto de Moz.
A visita à Flona do Tapajós foi
o último dia da programação do Intercâmbio de Experiências de Organização
Social em Atividades de Manejo Florestal Comunitário, que teve uma carga
horária de 32 horas de atividade. O objetivo da iniciativa foi promover a troca
de conhecimentos e experiências entre agricultores familiares, povos e comunidades
tradicionais sobre a gestão social do manejo florestal comunitário em áreas de
florestas públicas. Os participantes puderam conferir de perto os mecanismos de
gestão de um empreendimento florestal desenvolvido por comunidades, assim como
as diferenças entre associação e/ou cooperativa, informações necessárias para
iniciar de forma estruturada um processo de organização.
Saiba mais sobre a
Coomflona
Atualmente a Coomflona é formada
por mais de 150 cooperantes de 23 comunidades da Flona Nacional do Tapajós,
localizadas nos municípios Belterra e Aveiro.
De acordo com o presidente da
cooperativa, Sérgio Pimentel, morador há 50 anos na Comunidade de Tauari,
dentro da Flona Tapajós, as discussões para criação da Coomflona iniciaram em
1999 por três associações. "Inicialmente, enquanto produtores rurais que
trabalhavam de forma individual, não tínhamos muito retorno. Após as discussões
e a implantação do projeto de manejo, nossa renda melhorou”, contou Pimentel.
Segundo ele, todos participantes
da Coomflona sentem a diferença, do antes e do depois da cooperativa. “Quando
as pessoas começam a se conscientizar, com respeito ao meio ambiente, num
trabalho visando um impacto reduzido, vejo que essa é a solução para outras
comunidades locais, principalmente as da Amazônia", argumentou Pimentel.
Além do manejo madeireiro, a
Coomflona desenvolve trabalhos com os não-madeireiros, como a extração de óleos
vegetais, reaproveitamento de madeira para a construção de móveis e a coleta de
sementes para a elaboração de biojóias.
Em 2003, os comunitários foram
incentivados pelo Projeto de Apoio ao Manejo Florestal Sustentável na Amazônia
(Promanejo) que atuou durante 11 anos na Flona do Tapajós, por meio de
financiamentos do Banco Alemão de Desenvolvimento KfW. A partir da portaria
número 40/2003 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) foi autorizado
o início do projeto em forma experimental. Mas em 2005, houve a aprovação de
forma definitiva do desenvolvimento do manejo comunitário durante 30 anos pela
Coomflona, inicialmente denominado de Projeto Ambé.
Em 2009, a cooperativa foi
agraciada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) com o Prêmio Chico Mendes de
Meio Ambiente (Menção Honrosa), sendo campeão na categoria "Negócios
Sustentáveis". Mais de 80 projetos de diferentes regiões do Brasil concorreram
ao título.
O presidente da Coomflona
classifica o sucesso da organização ao valor de pertencimento ao empreendimento
ambiental: "Acabou aquela relação entre patrão e empregado. Hoje, todo
mundo é cooperado, todos devem trabalhar da mesma forma para as coisas darem
certo. Isso é o mais importante na cooperativa, a união de todos".