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Líder comunitário apresenta trabalhos na Comunidade de São Mateus.
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Na missão de monitoramento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), realizada em Santarém (PA), comunitários e representantes de instituições apresentaram trabalhos desenvolvidos na área de influência da BR-163. Os oficiais da FAO-Roma, Manuel Paveri e Eva Müller, além do oficial da FAO-Brasil, Marcello Broggio, realizaram encontros entre os dias 22 e 24 de novembro com as instituições e atores sociais envolvidos na execução do Projeto BR-163 – Floresta, Desenvolvimento e Participação.
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Instituições no Auditório da UR DFS BR-163.
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No primeiro dia de visita o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apresentaram as ações desenvolvidas em parceria com o Projeto BR-163. As instituições estão à frente do “Componente 1 – Manejo Florestal Sustentável”.
Durante a exposição dos trabalhos o coordenador da Unidade Regional do Distrito Florestal Sustentável do Serviço Florestal Brasileiro (UR DFS SFB), Fernando Ludke, destacou a importância da utilização tanto de produtos madeireiros como não-madeireiros para geração de renda sustentável às comunidades na área de influência da BR-163. “Não estamos vendo a floresta como bem para a exploração madeireira. Os não-madeireiros podem gerar inúmeras alternativas de emprego e renda para todas os comunitários. Exemplo disso é o açaí, fruto bastante abundante na região”, apontou Ludke.
Na apresentação das ações da UR DFS SFB foram destacados o incentivo e criação de novas associações e cooperativas na área do Distrito Florestal Sustentável. O Serviço Florestal Brasileiro em parceria com as comunidades têm elaborado Planos de Ação Participativos, momento em que os produtores rurais discutem propostas de produção para serem implantadas nas localidades.
No período da tarde as exposições foram dirigidas pelas entidades que congregam os componentes 2 e 3. O “Componente 2 – Apoio às Iniciativas de Produção Sustentável”, foi representado pela empresa júnior Consultoria e Serviço Florestal (Consflor) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), o Instituto de Estudos Integrados Cidadão da Amazônia (Inea) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O “Componente 3 – Fortalecimento da Sociedade Civil e dos Movimentos Sociais” participou representado pelo Centro de Estudo, Pesquisa e Formação de Trabalhadores e Trabalhadoras do Baixo-Amazonas (CEFT-BAM).
O representante do Ipam, Antônio José Bentes, disse que tem acompanhado avanços no manejo florestal, mas atentou que a assistência técnica é um dos gargalos para a efetivação de trabalhos em comunidades. “Tenho visto durante três anos o manejo florestal progredir. Precisamos criar estratégias de ferramentas que possam disponibilizar informações ao agricultor familiar”, disse Bentes.
Dentre os canais de comunicação para a troca de informações sobre temas relacionados à agricultura familiar, o presidente do CEFT-BAM, Venilson Taveira, apontou as rádios comunitárias como imprescindível veículo para disseminação de informação na Amazônia. Para ele “as rádios comunitárias são instrumentos dos movimentos sociais de acesso às informações vitais aos que tem pouca condição financeira”.
As entidades que fazem parte do Componente 2 ainda discutiram a integração de agendas nos espaços onde atuam, firmando a realização de futuras oficinas para sincronização de ações.
Comunidades na área de influência da BR-163
Após conhecerem o que as instituições parceiras do Projeto BR-163 tem desempenhado na área de influência da rodovia Santarém-Cuiabá, os oficiais da FAO Eva Müller, Manuel Paveri e Marcello Broggio foram conferir de perto, nos dias 23 e 24, os trabalhos realizados junto às comunidades. Os encontros ocorreram em localidades centrais, possibilitando a reunião de comunidades situadas na área da influência da BR-163.
A primeira visita foi na comunidade de São Mateus, no Projeto de Assentamento (PA) Moju, quilômetro 145 da rodovia. Na localidade o Inea iniciou a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs). As principais cadeias produtivas que serão incentivadas na comunidade são: caucau, plantas fitoterápicas e oleaginosas.
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Comunitários de Igarapé do Anta (PDS).
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De acordo com o engenheiro agrônomo do Inea, Paulo Lemos, já foram distribuídas 25 mil sementes de cacau aos produtores de São Mateus. “A ideia dos SAFs é enriquecer a produção agrícola. O total de 20 produtores já receberam os insumos”, informou o agrônomo.
Para o presidente da comunidade, José Cardoso, o contato com os oficiais da FAO foi um momento de troca de experiências que pode esclarecer ainda mais a presença do Projeto BR-163 aos comunitários. “O encontro nos trouxe mais esperanças, porque, hoje - pudemos demonstrar o que já temos trabalhado e o que pretendemos alçar. Trabalhamos a organização comunitária porque queremos trazer benefícios à todas as famílias dessa comunidade. Essa reunião é algo que nos motiva, mostra que a mudança é possível, basta querer”, avaliou o líder comunitário.
Por sua vez, na Comunidade de Igarapé do Anta, Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), foram destacadas as atividades que avançaram no apoio ao manejo florestal comunitário da Cooperativa Mista Agroextrativista dos Produtores do Anta (Comapa), fundada em 2004. Na área, Serviço Florestal e o INEA elaboraram durante o mês de setembro o inventário florestal participativo, além de desenvolverem uma série de atividades como capacitações, intercâmbio e oficinas sobre o manejo florestal comunitário.
No Igarapé do Anta os comunitários mostraram insatisfação quanto a demora na liberação de documentação necessária, por órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), para implantar o manejo florestal no PDS.
Segundo o presidente da Comapa, Carlos Alberto Silva, a visita da FAO à comunidade aumenta a vontade de trabalhar o manejo florestal. “A vinda das entidades nos motiva o trabalho para que o manejo florestal comunitário possa dar certo”, afirmou Silva.
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Maria Feitosa, liderança comunitária (ao centro).
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Na localidade de Corpus Christi ocorreu o encontro com demais comunidades do Projeto de Assentamento (PA) Moju. Com apoio do Instituto de Pesquisa Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, irão atuar na implantação de SAFs e a produção de mel. As ações devem fortalecer os trabalhos já desenvolvidos pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Belterra (STTR-BLT).
De acordo com o técnico em agropecuária do Ipam, Edivan Carvalho, as ações serão voltadas para incentivar a economia das comunidades. “Queremos construir esses sistemas agroflorestais para que, além de respeitar as condições ambientais da área, poder gerar renda. São 25 famílias beneficiadas numa estratégia de trabalho em diferentes comunidades. A ideia é que as unidades produtivas familiares se tornem exemplo para outras comunidades”, ressaltou Carvalho.
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Presidente da Comunidade Jamaraquá mostra
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A participação das mulheres também foi marcante na missão FAO. Segundo a presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Travessão, Maria Feitosa, comunidades da BR-163 iniciam uma nova etapa sobre as funções que exercem no meio rural. Segundo ela, oportunidades são abertas para a comercialização da produção agrícola. “A maioria das pessoas que está aqui é colono. O que mais sabe é plantar, colher e vender quando tem oportunidade. Por isso, nossas expectativas são de que cada vez mais vai se gerar renda nas comunidades. Vamos aproveitar toda produção que estava se estragando”, comentou a liderança.
As comunidades do PA Moju já iniciaram discussões para a construção de uma cooperativa. Em reunião com a Prefeitura de Belterra (PA) foi firmada a realização de duas chamadas por ano, uma a cada semestre, para a compra de produtos que sirvam à merenda escolar no município. O acordo se deu por causa da implantação dos novos SAFs no Projeto de Assentamento que devem estar prontos para colheita e comercialização no segundo semestre de 2012.
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Artesanato produzido pela comunidade foi exposto.
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Na comunidade de Jamaraquá, Floresta Nacional do Tapajós, dia 24, os oficiais da FAO realizaram as visitas conclusivas da missão. Na localidade o Instituto de Estudos Integrados Cidadão da Amazônia (Inea) desenvolve ações com 15 famílias. A localidade tem tradição de trabalhar com a extração de látex para a elaboração de artesanato, além trabalhar com o ecoturismo e biojóias, adornos confeccionados a partir do reaproveitamento de sementes e cipós.
Iaranice Rodigues, presidente da Associação de Moradores e Produtores Extrativistas de Jamaraquá (Asmorja), diz que os comunitários se sentem desmotivados após passarem por experiências que não deram certo na comunidade. Por outro lado, a presidente conta satisfeita, que a partir das primeiras ações já efetuadas na localidade pelo Inea, a proposta tem tudo para dar certo. “Existem comunitários que não acreditaram na proposta, mas eu acreditei que o Projeto viria esse ano. Esperamos que outras famílias venham integrar os trabalhos, porque sabemos que há mercado para nossa produção”, afirmou Rodrigues.
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Encontro na Comunidade de Jamaraquá, Flona Tapajós.
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A presidente da comunidade ainda conta que na confecção de artesanato 10 mulheres trabalham com sementes de diversas espécies. “Trabalhamos com jutaí, tento, morototó, paxiuba, açaí, uma variedade de sementes. A coleta das sementes é realizada por etapa. Cada semente tem uma safra como o jutaí que está na época. Agora o morototó está fora de safra, só iremos colhê-lo no mês de julho. Fazemos a extração das sementes conforme a floresta nos permite.”
A Universidade de Brasília (UNB) também é parceira do Inea e já realizou capacitação com os comunitários repassando novas técnica para a construção de mantas a partir do látex, produto que permite a confecção de capas de celular, solas de sapato, bolsas, dentre outros. A Universidade tem articulado a comercialização das mantas, e já foram encomendas peças por indústrias do Acre (AC) e a Inglaterra (Europa). A comunidade de Jamaraquá também prepara a logomarca para os produtos.
“Vejo o Projeto BR-163 se concretizar”, afirma Paveri
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Eva Müller e Manuel Paveri, oficiais da FAO-Roma.
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“Vejo o Projeto BR-163 se concretizar”. A afirmação é do oficial da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO-Roma, Manuel Paverei, durante conversa com as instituições parceiras, encontro realizado na Unidade Regional do Distrito Florestal Sustentável da BR-163 do Serviço Florestal Brasileiro (UR DFS BR-163 SFB). Paveri participou das primeiras discussões para a idealização do Projeto BR-163 – Floresta, Desenvolvimento e Participação.
O representante da FAO ainda elogiou o modo de ser brasileiro que, segundo ele, tem um povo diferente dos demais porque sempre pensa em alcançar novos objetivos, buscar e avançar. “Nossa avaliação é bastante positiva em diversos sentidos. Por exemplo, a demonstração quanto ao tremendo interesse das comunidades florestais para trabalhar de uma forma organizada, para poder manejar de modo adequado os seus recursos naturais”, destacou Paveri.
Paveri ressaltou a preocupação com as comunidades e o pouco retorno de alguns órgãos públicos na regularização fundiária, o que acaba frustrando muitas das vezes o homem do campo. “É preocupante determinadas situações em que os esforços dos comunitários também precisam ser correspondidos pelas instituições que deveriam resolver alguns dos problemas para poder fortalecer o trabalho das comunidades. Por exemplo, a questão do licenciamento ambiental e o CAR (Cadastro Ambiental Rural), situações que emperram o desenvolvimento de trabalhos do produtor rural por não ser correspondido de acordo com suas necessidades.”
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Professora Dra. Lia Oliveira esclarece funcionamento
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De acordo com o Coordenador Nacional do Projeto BR-163, Pedro Bruzzi, o momento está proporcionando o compartilhamento de informações para a integração de atividades entre os Componentes. “Os planejamentos estão sendo compartilhados para que se tenha coordenação nas ações, não se sobreponham esforços, um trabalho deve complementar o outro. Sem dúvida nenhuma os desafios são muito grandes, mas se unirmos os trabalhos teremos resultados satisfatórios”, disse Bruzzi.
A missão em Santarém foi concluída no dia 24 deste mês quando os oficiais da FAO participaram do I Seminário de Pesquisas Científicas na Floresta Nacional do Tapajós que ocorreu na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), campus Tapajós. Na ocasião a professora Dra. Lia Oliveira pode falar sobre a empresa júnior da universidade, a Consflor, que atua nos Componentes 1 e 2. Acadêmicos da Ufopa participaram de cursos no Instituto de Florestas Tropicais (IFT) proporcionados pelo Projeto BR-163.